sábado, 19 de setembro de 2009

O que se faz acordado

Fez-se silêncio
Dentro de mim,
E acordei para ouvir
O que já dormia

Não quero acordar jamais
Deixe-me aqui na paz
Longe de tudo
Quieto, calado, invertido.

Faz de conta
Que por agora
Nina-se o medo
E dorme-se o pesadelo

Cuca não toca
Boi se foi embora
Sumiu o bicho papão
Então nina minha solidão

Faz que tudo conta
Que nesse faz que canta
E tudo se sonha
Em apagado momento

Não me acorde
Nunca se fez meu poema
Agora tenho pena
De pro vento o atirar

Meu eu e bem lírico
Cantigas, Ciranda vamos cirandar.
Pro medo espantar
Se jogando no sono infinito

Faz de conta
Que te beijo
E o vento que me toca
É as palavras de desejo

E o desejo provém de ti
Nesse faz que tudo conta
Sinto tristes versos sorri
Que se sustentam por agora

Faz de conta
Que nada é tão verdade
Sempre se tem metade
Do que se tem na hora

E nada é tão real
Sei que nada é perto
Os olhos podem enganar
Então feche os olhos

Encontre lá dentro
Abra outros olhos
Em algum lugar:
Faz-se de conta!

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A obra O que se faz acordado. de Vinícius Luiz foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada.
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A criação

aja luz, se fez na parte de meu ser.

E Pinto um céu
Como se fosse de papel
Azul como o mar
Imenso como amar

Pinto um continente
Verde florescente
Misturo as flores
Assim surgem flores

Pinto e deslizo
Como criança
Logo improviso
Com nuvens brancas

Pinto o brilho eterno
Para aquecer
escureço
animais fazem nascer

Pinto e esqueço graças
dividem-se minhas raças
borram o vermelho
Trazem pesadelo

todos podem pintar a vida
Com sua tinta
não se pode apagar rabiscos
podem-se pintar novos inícios.

Então pinto,
e mudo o meu dia.
tudo que eu pintar
será poesia.

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O construtor de silêncios

Eu sou o ouro
Sou o seu valor
Sou um tolo
Sou o tradutor

Quem te ergue?
Quem te levantou?
Quem fez revolução?
Quem fez a nação?

Sou o suor
Sou a luta
Sou pra ti o pior
Da planta, eu sou a cura.

Quem fez sua cidade?
Quem fez sua imagem?
Quem fez sua glória?
eu faço e você conta história.

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VIVA! Meu capitão!

“Não importa ser imortal, a vida é eterna se me for vivida.”


Não serei, mas sinto que sou
Morto.
Sinto o cheiro
Do corpo
O eco
Não serei nada a mais
Do além
Sutil
VIVA! O hoje me importar
Sinto o cheiro, mas vejo.
Todos estão mortos
Os imortais
Nada são
Cinzas. Viva.
VIVA!Eu subo na cadeira,
Chega de cara feia.
VIVA! Personas!
VIVA! E tudo que resta!
VIVA! Esse espetáculo!
Sinto o puro escarlate...
Vivido sangue
Um tilintar
VIVO
Não serei, mas sinto.
penas: VIVA!

A

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SER

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. "(jo-1;1)

Queria ser mais que um pedaço de página,
Ser mais que um papel de cédula.
Queria ser mais que um perfil de Orkut, e mais
Que uma camisa do Che Guevara.
Ser mais do que eu penso, falo e faço.
Mais que rótulos e comerciais,
Não me vendo e nem faço cada ato.
Ser mais de mim e se despir de pedaços,
E ser e bem mais que saber... Mais do que
Estar , Exitir ou
Ser humano.


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Poema mal-dito

Se queres escrever poema,
Não pense muito.
Jamais escreva o que querem ouvir.
Se assim queres, não fale de amor,
Nem de política, de religião, de sentimento,
Não fale de nada. O nada é necessário.
Tudo já foi dito, e maldito! Maldito!
Tudo é tão antigo,
Não queira por rimas onde não há.
Não queira por ordem,
Poemas falam por si só.
Se queres trilhar este caminho. Doa,
Poemas sangram.
Poemas partem pedaços.
Se for bem isso que queres,
Busque em ti poema,
Busque em cada coisa.
Busque incansávelmente!
Tu nada dizes, tu nada téis.
Tu éis uma ponte.
Busque apenas...
Se queres, faça da cada parte sua
Um poema há gritar.
E ainda assim, tu queres?


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Em busca de si mesmo

O peregrino tenta, e por tentar quase inventa.
Ele continua sua busca, sem hesitar.
Depois de florestas, abismos, e por céus...
Quase ele se perdeu...
Ele se perdeu nele mesmo, e de si fugiu.
A morte insistiu, ele, tu, eu.
O peregrino tenta, e por tentar, inventa.
Ele caminha, e pouco cansa.
Seus pés estão a acostumar.
Acostumar às mudanças.
Mudanças de seu ser e estar.
Danças de tempo em tempo,
Ele, com a harpa, entoa hinos divinos.
Em busca ele se vai quase se indo.
Sem compreender esses instintos,
Sem rumo a chegar a nenhum lugar.
Palavras já não podem dizer,
Rima nada em expressar.
Ele perdeu os fragmentos, talvez.
E nessas terras obscuras e de escassez
Será que ainda vês sua partida?
Pensou, chegarei à cidade prometida.
Ele apenas leva consigo o seu tesouro.
Os pedaços de um poema morto.

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