domingo, 25 de março de 2012

Lição da poesia.

Percebi a pouco tempo
que não é na aula de poesia
que aprenderei a ser poeta.

Assim como
para ser mãe não necessita de parir filhos.
Prega peças de laços de sangue que não é contrato.

E nesse ventre universo,
a poesia pousa nos mundos.
Imundo caos, filhos da necessidade, nascidos do acaso.

Enquanto a professora falava
de constelações
e Gregório de Matos

No casulo de mim
se fazia uma única
estrela cadente.

E dessa maneira, estende
poesia no mundo
no silêncio de mim e de outros.

Um feixo de luz crescente
ofusca os olhos
flutuando todo o meu sentir.

O peixe que morreu afogado.

Eriel era um menino muito pequeno, que trazia no peito poucas lembranças que vivia na mente, mal sabia que dentro desse lugar poderia outras coisas levar. Talvez por essa razão jamais poderia esquecer desse episódio: quando sua mãe lhe deu de presente um peixinho dourado, tão pequeno e indefeso.
Quando chegava da escola, quase todos os dias, ia com pressa e extrema ansiedade vê-lo. Até que certo dia quando chegou, encontrou o aquário vazio. Perguntou sua mãe o que tinha acontecido, e ela muito sem jeito disse que ele havia morrido.
Mas o que era morrer exatamente? As coisas desapareciam do nada? A mãe pegou o menino Eriel pelo braço, e levou-o até o jardim. Sentaram juntos num pequeno banco perto das flores, sem muito que esconder, sem onde rodear, disse:
- filhinho, os seres vivos morrem. Eles acabam, como se fosse balão de gás que estoura.
O menino Eriel estava nas nuvens e como o nada caiu.
A gente estoura mamãe?- perguntou.
-Não é bem assim, eriel, nós acabamos de alguma forma e perdemos a vida. O peixinho acabou para nós.
- ele sumiu mamãe? Foi viajar como a tia disse? Aquela viajem longa.
Foi quando a mãe e Eriel foram até a cerca das flores, e lá estava o peixinho, meio que frio, parado, sem se mover. A mãe fez o buraco e o menino botou com carinho ele dentro, e desse modo enterraram ele perto das flores coloridas.
- Nunca mais vou vê ele, mamãe?
- não, filho, nunca mais.
As palavras começaram a tomar sentido para o menino. Nunca mais tinha um peso de milhões de dinossauros Rexes. A mãe pegou nos braços, e ninou no colo, esperando uma reação de desconforto da sua parte. E ele ali começou a pensar na sua mãe. Enfim, por um determinado dia, eles iriam acabar, estourar como um balão.
- mamãe...- chamou baixinho.
- O que meu filho?
- O peixinho morreu afogado?
A mãe parou perplexa. As mãos nos cabelos do menino, acariciando respondeu:
- sim, morreu afogado.
Havia escutado em algum lugar, que as pessoas que entravam no rio se afogavam. Mas no aquário também poderia acontecer, né?
- Mamãe, a gente nunca vai tomar banho de rio e nem de aquário! – disse o jovem menino.
- mas filhinho, as pessoas morrem de qualquer jeito. Dormindo, felizes, tristes, na rua, em casa.
O menino começou a chorar, era inevitável, ele iria morrer, e o pior, nunca mais poderia vê sua mãe.
- filhinho, não chora...
Ela só falava desse modo, repetiu isso umas duas vezes. As palavras são curtas, as únicas que ele encontrou naquele momento foram essas:
- Mãe, queria viver para sempre.
O tempo passou e o menino esqueceu. O aperto havia passado, e as palavras que pesavam começaram a serem leves como os balões de gás, quando foi ao jardim, no lugar do buraco havia encontrado uma bela flor. E como muita ansiedade chamou a mãe.
Ao vê aquilo, a mãe disse:
- veja filho, o peixinho se tornou uma flor.
Então quando sentia o aperto, o menino Eriel olhava as flores que cresciam, elas transformavam seu sentimento em constante alegria.
Com o tempo todas as flores do mundo, ele levava no seu olhar. Todas as cores tinham um significado assim como cada perfume.